domingo, agosto 28, 2005

A jusante, tudo!

A jusante, tudo!


Chegam boas e más notícias, todos os dias,
de um caudal agitado de informação:
o trigo e o joio misturam-se na torrente,
umas horas atractiva, outras, deveras repelente,
que suprime os sonhos, as ilusões e as alegrias,
a síncope do pulsar de um povo em gestação.
Tudo, desde o futurismo positivo ao negativismo derrotista,
aqui vem parar, umas vezes efusivamente saudado,
outras, repelido pela força do consciente ou do fado,
mas sempre crítico, reticentemente eufórico ou pessimista.
E quem se opõe à gigantesca torrente, bonómica ou raivosa?
Ninguém a sabe dominar,
nem mesmo interceptar,
porque a jusante só pode haver desperdício ou mente airosa,
que tudo vê e revê em prudente alerta!
A jusante vêm desembocar as paixões do namorado traído,
como as preces de um piedoso penitente…
A jusante encontra-se o que mais aperta
o nosso peito e seu bater ansioso ou apenado,
sejam rosas e seus perfumes mais diáfanos e impregnantes,
sejam os abrolhos e as raízes expostas de um freixo caído,
ou as fúrias loucas e inexplicáveis do mar de gente,
o que não e sim gostaríamos de ter realizado!
A jusante, tudo, com doces olhares ou maus semblantes…
E jusante és tu, eu, ele, nós,
que vamos sorvendo o que a existência nos impõe a preceito…
Cada qual, na sua enchente,
porque todos somos gente,
é dono de uma ânsia de voz,
mas amordaçam-nos e gritam: sim, és livre, mas a nosso jeito!

ChFer - Improvisos da Manhã

2 Comments:

At quinta-feira, 10 agosto, 2006, Anonymous Anónimo said...

Really amazing! Useful information. All the best.
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At quarta-feira, 16 agosto, 2006, Anonymous Anónimo said...

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