quinta-feira, julho 03, 2008

Abúlicos fora de prazo





- Vou desistir. Já vi que não sei nada.
Para quê tentar? Para quê prosseguir?
Estudei, mas varreu-se-me o pensamento!

- É assim que se começa um exame,
já vencido à partida,
como se tudo na vida
fosse uma farsa, uma comédia pegada.
Quanto custou àquela mãe sorrir,
perante a notícia de que o seu rebento
baixou os braços, imberbe e infame,
face a uma prova que teria de vencer!
Hoje, as mães sorriem, mas não riem por dentro,
pois seus filhos, que se julgam do mundo o centro,
ao mínimo obstáculo só lhes dá para esmorecer.
Porquê este abstencionismo e desistência
nos jovens da nossa pós-modernidade?
Preparam-se? Flutuam pela existência?
Ou simplesmente perderam a vontade?
A resposta não é só deles, ainda que custe dizê-lo,
mas os adultos deverão assumir grande parte dessa abulia,
porque apenas aplanaram o caminho
ao seu néné e incomparável filhinho,
mas nunca o obrigaram a por si abri-lo e percorrê-lo.
E agora? Um mundo de dependentes, de moles e alquimia!
Só esperamos que a marcha se inverta cento e oitenta graus,
para bem de todos, dos futuros ou dos presentes,
e que surjam homens a sério como nossos dirigentes,
para tentar suprimir o abominável fosso entre bons e maus!
Jovens, se quiserdes que a sociedade se modifique,
Trabalhai com garra, suai, progredi e vencei!
Hoje, já não há alguém que queira e se identifique
Com o deixa andar, não te rales, não quero ou não sei!
fca, Do Livro - A Aurora está chegar - a publicar