sexta-feira, julho 15, 2005

Como poderiam conhecer-nos?



Como é possível conhecer o autor deste gigantesco programa?

Jacques Monod escrevia, há já uns largos anos (O acaso e a necessidade, 1970: 14, Publ. E-A):
-"Suponhamos que uma nave espacial deva em breve pousar em Vénus ou em Marte; que pergunta mais interessante que a de saber se os planetas nossos vizinhos são, ou foram, numa época anterior, habitados por seres inteligentes, capazes de actividade projectiva? Para descobrir uma tal actividade, presente ou passada, evidentemente que seriam os seus produtos que, em primeiro lugar, seria necessário reconhecer, por mais radicalmente diferentes que pudessem ser dos resultantes de uma indústria humana".

Monod dá uma resposta fulgurante: "pelos seus produtos"! O mesmo se poderá aplicar ao autor destes megaprojectos (plagiando S. Dali, corpus hipercubicum), que absorvem milhares de milhões de dólares! O que é que daí está a resultar? Só avanço científico-tecnológico? Com resultados positivos sobre o viver horizontalmente digno da humanidade? Os produtos são apenas defensáveis?
Basta dizer que a fome existente em todos os países sul-americanos e africanos seria completamente banida pelos custos de um programa desta natureza, levado a efeito pela NASA!
Se invertêssemos a procedência da nave espacial, sendo os marcianos a visitar-nos (curiosidade hipotética do próprio Monod!), como poderiam eles reconhecer-nos? Pelos produtos à vista: populações famintas e depauperadas, marginalização em série, milhões de deslocados? ...ados? ...ados?
Pelos produtos seríamos reconhecidos... (pelos frutos, diria Alguém, antes de Monod!).
Imagino as imagens e representações que de nós fariam tais visitantes, ao comprovarem a aridez generalizada da nossa sociedade...