sábado, dezembro 24, 2005

Desconcerto de Natal



Sou ninguém.

Ninguém que pensa.

Contradição da palavra,

que atraiçoa uma ideia.

Ninguém que pensa

é ser alguém.

Ninguém, de facto.

Alguém, de direito.

Daí, danem-se o direito e o facto!

Lutem pela supremacia!

Não tomo partido por qualquer deles.

Sou alguém e ninguém.

Sou o facto e o direito.

Ainda que queira,

nem sou uma coisa, nem outra!

Sou apenas de mim o desdém.

Mas também sou de mim o pundonor.

Afinal, quem sou?

Perguntem à minha mãe,

que talvez responda: um natal gerado em amor!