Ró, ró, menino da avó!...
Lembro-me de que, aos 18 meses, a minha avó materna, Ana Maria, me embalava, na canastra, com uma cantilena que enfeitiçava pelo tom repetitivo, intimista, progressivamente apagado: - "Ró, ró, menino da avó..."!Volvidos já longos anos, fui à velha casa, onde nasci, remexer os espaços das minhas memórias de infância. E, precisamente na buraca (cavidade rasgada na parede) da cozinha, lá bem no fundo de outros brinquedos, encontrei o meu realejo adormecido... Peguei nele, com mão acariciadora de menino, soprei e, de tão ferrugento que estava, só consegui acordá-lo com uma nota rofenha, rouca de incontável repouso, que timbrou muito perceptivelmente: - "Ró, ró..."!
E lá o deixei, para que não mais terminasse a sua melodia...
