quarta-feira, fevereiro 08, 2006

"Creio na vida do mundo que há-de vir"


De facto, parece que estamos perante um enigma: é a vida ou o mundo que há-de vir? Ou a vida não faz sentido sem o mundo que há-de vir? Ou o mundo não faz sentido sem a vida que há-de vir?
Peguemos-lhe por qualquer dos lados e sempre fará sentido, mesmo subvertendo o determinativo gramatical! Na verdade, e segundo a entoação dada por aquele jovem Padre católico, em cerimónia fúnebre, o caso dá mesmo que pensar, pois emerge aqui a implicação de comparar o valor efémero de uma vida face ao valor imperecível de uma outra. São duas vidas em jogo, mas o enigma surge realmente do vir e não da diferença de duas realidades vitais. Afinal, como é possível determinar o há-de vir? Aquele jovem Padre resolveu a interrogativa, que qualquer pensante levanta, pela distinção entre Ciência e . Ao enigma supradito não chega a Ciência, dizia o Celebrante, mas a Fé...
Quando, já de regresso, conduzia o meu carro, por entre o carvalhal despido de folhas e rebentos, ecoavam-me os acordes, umas vezes nítidos, outras vezes abafados, daquela melodia inacabada: aí não chega a Ciência, mas a Fé...
Inevitavelmente, e gélido como o tempo, sobrepunha-se-me o último acorde: que há-de vir! Mas... Quem me poderá completar a melodia?