quinta-feira, outubro 05, 2006

FORNADA: O Pão que a mão humana amassou...

O PÃO é simultaneamente uma epopeia do esforço e uma metáfora da vida. Porém, antes de ambas, é uma REALIDADE tão concreta, que todos, desde o bébé ao velhinho, sabemos milimetricamente o caminho que o leva à boca. E que sabor inconfundível!
Até chegarmos a saboreá-lo, um percurso, misto de amor e sofrimento, tem que ser ritualmente cumprido. Actualmente, de forma mecânica, automática e até autómata. Em épocas passadas, à base do suor do rosto e braçal.
Como era e ainda, bastantes vezes, é feito tal percurso? Eis a minha versão dos passos:

I

A farinha amassada por mãos que sabem


II

A massa pronta a levedar



III

A massa a levedar



IV

Fingir a massa



V

Rojar o Forno



VI

Meter o pão ao forno





VII

A cozer



VIII

Tirar o pão


IX

A repousar e a arrefecer



Depois de todos os passos da epopeia, o quotidianamente imprescindível PÃO está pronto para ser comido.
É caso para exclamar, como diz o povo. "AH PÃO, PÃO, POR TI TUDO DÃO"!
E mais expressivo para o actual momento de carteira vazia, o povo também lembra a necessidade de repetir o ciclo: "No final da mesada, lá se vai a fornada"!

É interessante como neste ciclo se juntam tantas histórias de vida, tanta filosofia materialista e idealista, tanto romance e poesia, tanta solidariedade e solidão, tanto poderio econónmico e esclavagismo de miséria! Em qualquer caso, lá bem no fundo de nós, sentimos que não há pão que a mão humana não tenha amassado!