sexta-feira, maio 05, 2006

Fecham as maternidades? Ganha-se ou perde-se?


Em nome de uma recuperação da economia ("impossível a sua sustentabilidade"!!!), os Governantes portugueses estão a decretar autocraticamente o encerramento sistemático de uma grande parte das maternidades, de Norte a Sul, sem terem em consideração a voz das populações, e sobretudo das mães, e com argumentos infundamentados e mesmo à revelia da clarividência das autarquias sobre o actual estado aceitável de condições para as parturientes.
Por este caminhar, não estranharemos que:
1. as mães não queiram mais filhos, uma vez que terão de os parir a 200 0u mais Kms da sua residência;
2. as mães que quiserem ter filhos, poderão tê-los a caminho da longínqua maternidade ou, então, assistidas pelas ressuscitadas parteiras em suas casas (e ainda falam no "bem das mulheres"!);
3. o senhor Primeiro Ministro, afinal, se pareça com Jano: com uma face diz proteger e incentivar a natalidade (precisamos de gente e até haverá pémios fiscais para as famílias com mais filhos!!!) e com a outra, fecha as portas das maternidades próximas para os filhos poderem nascer (contradição em actos!);
4. não havendo possibilidade de sustentabilidade das maternidades, talvez a não haja para ambulâncias, para condutores das ambulâncias, para horas extras dos acompanhantes enfermeiros ou médicos, para medicamentos de assistência em trânsito, para..., para..., para..., e o melhor seja fechar tudo!

Conclusão: regresso ao longínquo passado, esse passado onde a maior parte dos actuais iluminados oligárquicos nasceu (não será que, por projecção inconsciente, também querem que os novos lá nasçam?), defendendo assim a velha norma financeira de que "no poupar é que vai o ganho"! Ou querem que as gentes passem a fazer parte da aldeia global, de que, já nos anos 50, falava McLuhan, sem terem ligação à sua procedência, às suas raízes, com a descaracterização total que o ser de qualquer lado implica?
Na verdade, a economia e os orçamentos não são tudo! Há valores que se lhes sobrepõem, entranhados nas famílias que ainda o são, e tais valores radicam-se, à partida, no afecto que a mãe pode transmitir num parto feliz, sem os percalços ou nervosismos de um trajecto prolongado, e nos cuidados de um pós-parto prestados em condições de proximidade e ao alcance das posses pessoais!
Não é pelo encerramento das maternidades que a recuperação da economia do País se consegue! E os Senhores Governantes sabem-no até à saturação! É através de outras sucursais, bem conhecidas, que tal finalidade se atinge! Não lancem poeira aos olhos do povo do Nordeste, ou do Algarve, ou das Beiras, ou de Barcelos, ou de S.to Tirso, ou de..., ou de..., porque este povo não suporta tal tratamento e ninguém sabe até onde pode chegar, se o rastilho se acende...
Sou apartidário confesso, mas consigo compreender a política no seu genuíno sentido. E era bom que muitos deputados, sem formação política evidenciada, ao menos se dignassem olhar para o povo que os elegeu! Vamos realmente construir um País! Deixem-se de marasmos e do "topa-a-tudo"!