sábado, novembro 03, 2007

Miragens de um país adiado...




No meu país, todos queremos ser felizes,
Não importa o quando, o como ou o lugar...
Viva a felicidade, viva o bem-estar, viva o prazer!
No meu país, vamos cortando com as raízes,
atiramos para longe o que nos possa incomodar,
julgamos que a prosperidade está ali, basta querer.
No meu país, implementam-se leis, baseadas no facilitismo,
daqui a pouco, os valores são à la carte, segundo a opção do freguês...
Escolhemos e rejeitamos, rejeitamos e escolhemos,
tudo em relativista decisão...
No meu país, entrou-se numa imparável onda de laxismo,
não se sabe se vale mais ser vertical ou se a falta de honradez,
cortamos os compromissos que fazemos,
talvez tenhamos perdido a razão!
No meu país, onde o trabalho é necessário
para sair da evidente pobreza colectiva,
nada há que nos contenha, trave ou afronte:
vamos consumindo o público erário,
erigimos altares à preguiça diva,
a seguir a feriados, instituímos a auto-ponte!
No meu país, há pobres, em número de dois milhões,
e os ricos são cada vez mais ricos, mais e mais...
Uns conseguem graus académicos com suor sofrido,
outros, com base no embuste e no segredo dos cifrões.
Ah meu país de miragens, de injustiças e vendavais
de corrupção, pára e dá a todos a dignidade do vivido!
Como gostava de viver num país de sonhos realizados,
onde a vida fosse o valor supremo, inquebrável,
as crianças saltassem e sorrissem aos milhares infindos,
os idosos se sentissem seguros e amados,
os jovens tivessem um lugar profissional estável!
Será que num país de adiamentos somos todos bem-vindos?