quarta-feira, novembro 02, 2005

Requiem com aleluias, face a uma realidade nova...


Quem visita um cemitério, desde o mais simples, em lugarejos esquecidos no antro da serrania, ao mais ricamente decorado, em cidades cosmopolitas e opulentas, depara-se com dois fenómenos, igualmente impressionistas: o olhar nostálgico dos visitantes, que recordam os entes familiares que já partiram, e o sorriso, milhares de vezes repetido, das flores que se espalham pela variedade intrigante das campas silenciosas. Fenómenos que me tornam pensativo. É o requiem misturado com aleluias!
Não gosto de requiem, mas gosto de aleluias! Todavia, ninguém pode apagar aquele, para apenas tornar visíveis estas. É como se quiséssemos valorizar, em termos hegelianos, somente a tese, esquecendo a antítese. Não, ambas fazem sentido na sua conjugação. Igualmente, as flores multicoloridas colam, de forma admirável, com os olhares nostálgicos pelos ausentes...
Admitindo que dessa conjugação de contrários uma nova realidade pode surgir, precisamente uma REALIDADE que supera e sintetiza a nostalgia e o sorriso, dobrei-me perante os factos, reflecti sobre o sensível do humano e o sublime da natureza, e, neste dia de Finados, com o toque de sinos semi-contentes como pano de fundo, acendi uma vela, que desejei se multiplicasse em milhões e biliões, no chão sagrado onde jazem raízes e ramos do meu ser...