terça-feira, janeiro 17, 2006

Quando a neve se esvai...




Indizível a euforia que a neve proporciona aos mais novos e aos mais velhos!
Todos falamos dela nestas paragens lusitanas, onde só de longe em longe a podemos contemplar. Não reagirão da mesma forma os Esquimós do Alasca, os Siberianos ou mesmo os Suíços... Por tão familiar que é, a neve já nada diz ao vulgo dessas latitudes! Entra no seu ritual quotidiano de fazer ou desfazer a vida... Que seja!
Todavia, nós, os Portugueses, fazemos uma festa quando ela cai. Vejam-se as inusitadas reacções dos sulistas quando visitam a Serra da Estrela ou vêm turistar para a Sanábria espanhola! Até as reportagens televisivas nos enjoam pelos grandes planos que concedem aos fenómenos do inusitado e do simplismo caricatural dos protagonistas de um ski improvisado!
(...)
Mas, quando a neve se esvai, apenas deixa o chão molhado, embebido até à medula, fenómeno tão apreciado pelos agricultores! Todo o restante mundo fugiu! A terra já não causa atracção para os extasiados da neve. Já não há Estrela, já não há Sanábria, já não há Nogueira... Quando a neve se esvai, fica a solidão e os que a suportam e vêm suportando, há já muitos anos, em autêntico desenraizamento da fonte primária do sustento animal e humano...
Quando a neve se esvai, poderia ser hora de pensar nos que ficam, estes seres que aguentam o ar, o frio, a neblina das terras do demo namorianas. Mas algum centralista se lembra deles?
Ah, quando a neve se esvai...